A ansiedade e a depressão são duas das principais causas de sofrimento emocional entre os brasileiros. Segundo o Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG, Paulo Henrique Silva Maia, essas condições já podem ser consideradas epidemias invisíveis, dado o número expressivo de pessoas afetadas e a dificuldade de identificação precoce. Embora não se espalhem como vírus, seu impacto é profundo, silencioso e compromete significativamente a qualidade de vida da população.
No Brasil, milhões convivem com angústia, tristeza persistente, alterações no sono e no apetite, além de pensamentos negativos recorrentes. O agravante é que, muitas vezes, essas doenças são subestimadas por falta de informação, preconceito ou negligência do sistema de saúde. O desafio, além do diagnóstico, está na construção de uma rede de apoio que reconheça e trate essas questões com seriedade.
Como a ansiedade e a depressão afetam a saúde mental dos brasileiros
A ansiedade é caracterizada por um estado constante de preocupação, tensão e medo desproporcional às situações do cotidiano. Já a depressão provoca um sentimento profundo de desânimo, desesperança e apatia. De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, ambas afetam o funcionamento psicológico e físico, impactando desde o desempenho profissional até os vínculos familiares e sociais.
O sofrimento provocado por essas condições pode evoluir para quadros mais graves, como síndrome do pânico ou ideação suicida. O Brasil ocupa uma das posições mais altas nos rankings globais de prevalência de transtornos de humor e ansiedade, o que acende um alerta sobre a urgência de políticas públicas e ações comunitárias de prevenção e cuidado com a saúde mental.
Fatores que contribuem para o avanço dessas doenças invisíveis
O aumento dos casos de ansiedade e depressão no Brasil está relacionado a múltiplos fatores. Entre eles estão o estresse urbano, a insegurança financeira, o desemprego, o excesso de estímulos digitais e a falta de apoio emocional. Conforme explica Paulo Henrique Silva Maia, o isolamento social e a perda de vínculos afetivos também favorecem o desenvolvimento desses transtornos.
No mundo atual, a pressão constante por produtividade e desempenho, presente em diferentes contextos sociais e profissionais, contribui para o avanço dessas doenças. Esse cenário, alimentado por comparações nas redes sociais e padrões inalcançáveis de sucesso, fragiliza a autoestima e contribui para o aumento de casos, especialmente entre jovens e adultos em idade ativa.

Barreiras no diagnóstico e no tratamento da saúde mental
Mesmo com o avanço nas discussões sobre saúde mental, muitas pessoas ainda enfrentam obstáculos para buscar ajuda. O preconceito, a desinformação e o medo do julgamento impedem que sintomas sejam reconhecidos e tratados adequadamente. Segundo Paulo Henrique Silva Maia, essa resistência é um dos principais motivos pelos quais a ansiedade e a depressão continuam invisíveis aos olhos da sociedade. A escassez de psicólogos e psiquiatras no atendimento público, especialmente nas regiões mais vulneráveis, dificulta o acesso ao cuidado integral.
Caminhos para o enfrentamento das epidemias de ansiedade e depressão
De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, para combater essas epidemias silenciosas, é necessário adotar uma abordagem ampla, que envolva educação, prevenção e tratamento acessível, com investimentos em programas comunitários e formação contínua dos profissionais da área. A promoção de hábitos saudáveis, como prática de atividade física, alimentação equilibrada, sono de qualidade e atividades culturais, lazer e convivência comunitária também ajudam no enfrentamento do sofrimento emocional.
Uma responsabilidade coletiva pela saúde emocional
Ansiedade e depressão não escolhem idade, classe social ou profissão. São doenças sérias, tratáveis e que merecem atenção contínua. A superação dessas epidemias invisíveis depende de ações conjuntas entre governo, instituições, profissionais de saúde, famílias e indivíduos. Promover o diálogo, garantir acesso ao tratamento e valorizar a saúde emocional são compromissos que precisam sair do papel.
Paulo Henrique Silva Maia reforça que cuidar da saúde mental é preservar a vida em todas as suas dimensões. É tempo de romper o silêncio, reconhecer as dores invisíveis e construir uma sociedade mais humana, solidária e atenta ao que realmente importa: o bem-estar integral de cada cidadão.
Autor: Paula Souza