O apagão em São Paulo expôs não apenas a fragilidade da infraestrutura elétrica da maior metrópole do país, mas também a falha de planejamento da empresa responsável pela distribuição de energia. Segundo a Controladoria-Geral da União, a Enel não cumpriu com o plano de contingência prometido para situações de emergência, o que agravou os impactos do apagão em São Paulo e deixou milhões de pessoas sem resposta ou assistência adequada em um momento crítico. A falha foi considerada grave e colocou em xeque a capacidade da empresa de lidar com eventos extremos.
Durante o apagão em São Paulo, bairros inteiros permaneceram no escuro por mais de 48 horas, comprometendo serviços essenciais como hospitais, semáforos e estações de metrô. A CGU apontou que a Enel sequer apresentou ações mínimas previstas em seu protocolo de emergência, como reforço nas equipes de manutenção ou canais eficientes de comunicação com a população. Para a Controladoria, o descaso diante do apagão em São Paulo demonstra negligência com o bem-estar da sociedade e uma gestão que privilegia o lucro em detrimento da segurança energética.
O relatório técnico da CGU revelou que a Enel havia se comprometido com medidas claras em caso de colapso energético, mas, no apagão em São Paulo, nenhuma dessas medidas foi executada conforme previsto. A falta de agilidade e a demora no restabelecimento da energia elétrica causaram prejuízos econômicos incalculáveis, além de comprometerem a segurança pública. Empresas deixaram de operar, alimentos foram perdidos e moradores de áreas periféricas ficaram isolados, sem sequer acesso à internet ou telefonia móvel.
A Enel, responsável pela distribuição de energia elétrica em grande parte do estado, já vinha sendo alvo de críticas recorrentes antes mesmo do apagão em São Paulo. Reclamações sobre atendimento ineficiente, demora em reparos e tarifas elevadas vinham crescendo, mas o episódio mais recente acendeu um alerta definitivo. A CGU deve encaminhar o relatório à Agência Nacional de Energia Elétrica, que poderá aplicar sanções administrativas e até mesmo rever a concessão da empresa, caso entenda que houve falhas estruturais na operação.
O apagão em São Paulo também reacendeu o debate sobre a privatização dos serviços essenciais e a responsabilidade do Estado em garantir o cumprimento das obrigações por parte das concessionárias. A população, como sempre, é quem mais sofre: sem energia, sem respostas e sem alternativas. O episódio trouxe à tona a vulnerabilidade do sistema, a falta de investimento em prevenção e a ausência de fiscalização eficiente por parte das autoridades competentes.
A Assembleia Legislativa de São Paulo já iniciou os primeiros movimentos para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito voltada exclusivamente para apurar o apagão em São Paulo e a atuação da Enel durante a crise. Deputados afirmam que a empresa precisa ser responsabilizada não apenas por suas omissões, mas por todo o colapso na comunicação e na resposta operacional. A expectativa é que a CPI pressione também os órgãos reguladores a agirem com mais rigor diante de futuras falhas.
Especialistas do setor elétrico avaliam que o apagão em São Paulo foi um retrato da má gestão que atinge o setor em diversas capitais brasileiras. Sem investimentos contínuos em infraestrutura e planejamento de contingência, é impossível garantir fornecimento de energia estável e confiável. A ausência de planos claros de reação, como foi o caso da Enel, apenas evidencia o despreparo para enfrentar eventos extremos, que têm se tornado cada vez mais frequentes com o avanço das mudanças climáticas.
O apagão em São Paulo não é um caso isolado, mas um sintoma de um modelo de concessão que precisa ser revisto. Enquanto empresas como a Enel continuarem operando sem fiscalização efetiva e sem cumprir com os compromissos firmados, a população seguirá refém da escuridão. A energia elétrica, essencial à vida moderna, não pode ser tratada como mercadoria qualquer. É hora de repensar prioridades e exigir respeito ao cidadão. Porque o que falhou em São Paulo foi mais do que a luz: foi a responsabilidade.
Autor: Paula Souza